Além da redução no repasse de verbas do Governo do Estado para a Fundação Padre João Câncio, responsável pela produção, a Empetur alegou não ter condições para as reformas necessárias para receber o público no Parque Estadual João Câncio, onde a Missa é celebrada e também onde acontecem os shows da parte profana da festa.
Visitantes de todo o Nordeste prestigiam a festa, lotando todas as hospedagens da cidade e dos municípios vizinhos, como Salgueiro, Exu, Parnamirim e Moreilândia, além de movimentar o fluxo do comércio local.
De acordo com os organizadores do evento, a diminuição em 30% do montante de recursos repassados é até contornável, mas a completa falta de infraestrutura em um equipamento de responsabilidade da Secretaria de Turismo do Estado e da Empetur inviabilizam qualquer iniciativa.
"O pior é a falta de interesse, o desprezo. A Empetur chegou a recomendar o cancelamento do evento, sem buscar nenhuma alternativa para reverter essa situação", diz Helena Câncio, coordenadora da Missa do Vaqueiro.
Turismo regional sem atenção
Desde o ano passado a Fundação Padre João Câncio vem tentando junto ao Governo do Estado, que patrocina a Missa através da Secretaria de Turismo e da Empetur, a ideia de desenvolver a infraestrutura da cidade - começando pela reforma do Parque Estadual João Câncio, onde a Missa é celebrada - e da criação de uma rota turística.
"A ideia seria traçar um itinerário que passasse por cidades importantes do centro do Sertão para a história dos vaqueiros. Essa seria uma boa forma de apresentar mais sobre essa cultura, muitas vezes não valorizada, ao Nordeste e ao Brasil", afirma Helena Câncio
Considerado o maior evento cultural dos Sertões, a Missa do Vaqueiro é conhecida por mesclar o tradicional e o profano. No ano passado recebeu um público de aproximadamente 70 mil pessoas. Como de costume, os visitantes puderam conferir inúmeras atrações nos dias que antecedem a missa em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó. Entre elas, vaquejadas, pegas de boi, exposição de artesanatos e shows de artistas regionais e locais, como Gabriel Diniz, Josildo Sá, Quinteto Violado, Dorgival Dantas, Sela Rasgada e Coral Aboios.
História
A Missa do Vaqueiro, realizada anualmente sempre no quarto domingo do mês de julho, tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado. Mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato atribuído a sua morte. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.
A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, primo de Jacó, transformou "A Morte do Vaqueiro" numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras, num hino de louvor para os vaqueiros nordestinos. Mas Gonzaga queria mais.
Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos - padre que ao ver a pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão - para fazer do caso de Jacó o mote para o ofício do vaqueiro e para a celebração da coragem.
Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro.
De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas - como chapéu de couro, chicotes e berrantes - ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo
Fonte da Noticia: Blog do Jamildo
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