Sem saber inglês, João Paulo Guedes trabalhou como zelador e garçom até chegar às semanas de moda do Canadá.
Culturas de todos os locais do globo se encontram na maior cidade do Canadá, Toronto, que sedia uma das mais importantes fashion weeks do mundo. Em fevereiro deste ano, a cidade se tornava a oitava do mundo a promover uma semana dedicada exclusivamente à moda masculina.
Culturas de todos os locais do globo se encontram na maior cidade do Canadá, Toronto, que sedia uma das mais importantes fashion weeks do mundo. Em fevereiro deste ano, a cidade se tornava a oitava do mundo a promover uma semana dedicada exclusivamente à moda masculina.
Seguindo a diversidade cultural, profissionais de várias
nacionalidades participaram da edição de estreia e desfilaram suas
coleções na Toronto’s Official Men’s Fashion Week. Entre eles, ganhou
destaque um nome saído de Quixeramobim que, no evento, dava seu primeiro
grande passo. Foi então que o nome de João Paulo Guedes, do interior do Ceará, começou a ecoar pelo mundo.
Antes de desfilar coleções em grandes eventos, João Paulo teve que
enfrentar as dificuldades de chegar a um novo país apenas com um sonho e
malas na mão. Publicitário de formação, foi ao Canadá sem falar uma só
palavra em inglês, a fim de estudar a língua, e dois anos se passaram
até começar a seguir a ambição de se tornar estilista.
“Como não falava a língua, tive que fazer todo tipo de trabalho. Para ser sincero, limpei muito chão no início (risos). Trabalhava como zelador de um prédio super chique.
Trabalhei também muito como garçom, até conseguir o visto permanente.
Foi um grande aprendizado na minha vida. Após me estabilizar, comecei a
procurar outros trabalhos e voltar a estudar”, lembra. Mesmo com as
dificuldades, o cearense persistiu e cursou Fashion Design em uma das melhores escolas de Toronto, a George Brown College.
Primeiros passos como estilista
Em Fortaleza, João trabalhava como artista gráfico e analista de
marketing para uma empresa de software. O ramo da moda sempre foi de seu
interesse, mas até então se resumia apenas ao costume de assistir aos
desfiles do Dragão Fashion Brasil. Ainda em terras alencarinas, chegou a
desenhar roupas femininas para uma uma loja na qual trabalhou. Só no
Canadá, porém, deu seus primeiros passos como estilista profissional.
Após o término do curso de Fashion Design foi selecionado em um
projeto da província de Ontario, onde se encontra a cidade de Toronto,
que oferece bolsas a estudantes locais para estagiar fora do país. Seu
destino foi a Índia, conhecida pelo ramo têxtil, onde
passou três meses trabalhando para grandes estilistas contemporâneos. O
cearense foi aprendiz de um dos maiores nomes da moda indiana, Shantanu
& Nikhil, e no país vivenciou as mais diversas experiências
profissionais.
“Foram dois meses bem intensos, mas de muito aprendizado. Após acabar
o meu estágio, viajei pelo país, para conhecer um pouco mais da cultura
indiana, viajei de Norte a Sul. E o melhor de tudo foi a oportunidade
que tive de criar os meus próprio tecidos e estampas, que acabei
trazendo para o Canadá”. Na Índia, João reforçou sua identidade enquanto
estilista, com criações carregadas de estampas exclusivas.
De volta à Toronto, João Paulo desenvolveu uma coleção inspirada nas
experiências vivenciadas na Índia. “Criei várias estampas baseadas nos
templos indianos que visitei. Mas estava esperando o momento certo para
apresentar esta coleção. Foi quando fui selecionado para competir na
primeira Semana de Moda Masculina de Toronto como um novo estilista”,
conta. Cinco estilistas do país foram selecionados para a competição,
oportunidade para apresentar a nova coleção, que garantiu ao cearense o
título de melhor novo estilista de moda masculina do Canadá.
Sua estreia no Brasil foi dentro de casa, no Dragão Fashion Brasil
2015. Convidado para desfilar sua coleção Outono/Inverno 15, foi o único
estilista a apresentar uma coleção inteiramente masculina na edição do
evento. Há dois anos no mercado da moda, João Paulo criou três coleções
durante sua trajetória e vende suas peças em lojas do Canadá, além da loja virtual recém-inaugurada, na qual venderá também para os Estados Unidos.
“No início tudo é difícil, principalmente por ser uma marca nova no
mercado, mas posso dizer que cresci bastante nestes últimos anos. Em
2015, o retorno financeiro foi bem maior”, revela. Além da marca autoral
o estilista trabalha para a Canada Goose, uma das maiores produtoras de
casacos de frio. O plano para 2016, porém, é dedicar-se a seu próprio
negócio. Sua próxima coleção será lançada também na Semana de Moda
Masculina de Toronto, em fevereiro do ano que vem.
“Acho que nesta vida você precisa trabalhar com algo que você goste,
algo que você tenha uma grande paixão, independente da área, porque no
final a recompensa aparece”, finaliza o estilista, de Quixeramobim para o
mundo.
Fonte: Tribuna do Ceará
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