GloboNews percorreu mais de 1.400 km em Pernambuco para refazer o caminho de personagem do poema de João Cabral de Melo Neto.
Sessenta anos depois de João Cabral de Melo Neto ter posto o ponto final em “Morte e Vida Severina”, o seu poema mais popular, uma equipe da GloboNews parte rumo a Pernambuco para refazer o trajeto imaginado pelo poeta, inspirado nos milhões de Severinos que saíram e ainda saem de suas terras em busca de uma vida melhor. Ao longo de duas semanas, a equipe da GloboNews percorre mais de 1,4 mil quilômetros, partindo do Sertão, passando pela Zona da Mata até finalmente chegar ao Recife, ansiosa para encontrar os Severinos e saber o que mudou, depois de 60 anos. Com trilha sonora exclusiva e narração do ator pernambucano Jesuíta Barbosa, o resultado está no documentário ‘Morte e Vida Severina – 60 Anos Depois’ (assista no GloboNews Play).
Sessenta anos depois de João Cabral de Melo Neto ter posto o ponto final em “Morte e Vida Severina”, o seu poema mais popular, uma equipe da GloboNews parte rumo a Pernambuco para refazer o trajeto imaginado pelo poeta, inspirado nos milhões de Severinos que saíram e ainda saem de suas terras em busca de uma vida melhor. Ao longo de duas semanas, a equipe da GloboNews percorre mais de 1,4 mil quilômetros, partindo do Sertão, passando pela Zona da Mata até finalmente chegar ao Recife, ansiosa para encontrar os Severinos e saber o que mudou, depois de 60 anos. Com trilha sonora exclusiva e narração do ator pernambucano Jesuíta Barbosa, o resultado está no documentário ‘Morte e Vida Severina – 60 Anos Depois’ (assista no GloboNews Play).
Os cinco integrantes da equipe não tinham ideia do que encontrariam
pela frente. Nem o repórter Gerson Camarotti, o único que já conhecia o
percurso mas há 20 anos não passava por essa estrada. “Será que ainda
existia o Severino retirante? Iríamos encontrar a rezadeira que vive da
mortandade do Sertão? E o mestre Carpina? Quem seria? Os coveiros ainda
faziam comparações entre os cemitérios do Recife? Quem era o Severino
dos dias atuais?” eram algumas das perguntas que povoavam a cabeça do
jornalista. Camarotti refez o percurso com a diretora Cristina Aragão,
que só conhecia o sertão por imagens dos tempos de seca, com o produtor
Murilo Salviano, o cinegrafista Sandiego Fernandes e o operador de áudio
Edson Vander ‘Simpson’.
Para responder a todas essas perguntas, Camarotti e Cristina
entrevistaram mais de 40 pessoas que encontraram ao longo do percurso.
Gente como a jovem Debora Raquel, de 15 anos, que se emocionou ao ouvir o
poema. Como não há banheiro em sua casa, a menina toma banho na tal
“água vitalícia” retratada pelo poema, hoje suja e poluída. Gente também
como a dona de casa Yolanda de Souza, que há 10 anos vive em uma casa
de palafita na beira do Rio Capibaribe, cercada por ratos e baratas,
cuja filha de 17 anos identificou que os problemas enfrentados hoje pela
família são iguais ou até piores do que os que o poeta documentou há 60
anos. Gente como a benzedeira Dalvina Lopes e os coveiros Ronaldo da
Silva e Carlos Ramalho, que assim como os coveiros de João Cabral, dizem
não ganhar tantas gorjetas quanto os coveiros de Santo Amaro.
Mas nem tudo está pior. A diretora e roteirista Cristina Aragão faz um
balanço do que presenciou durante a viagem. “Vi um sertão com uma força
vital, transformado pela chegada das cisternas, caixas de armazenamento
de água. Vi também mulheres sozinhas, à espera de seus maridos,
migrantes temporários em outras terras do Brasil. Vi a vida e a poesia
simbólica do Rio Capibaribe, orgulho pernambucano, gritando de poluição.
Vi jovens acreditando que é pela educação que a corrente da miséria
deve ser cortada. Vi a potência da cantoria do maracatu. Vi famílias
ainda hoje vivendo em palafitas, ali, na cara do Recife. Vi que as
palavras do poeta permanecem vivas, seja pela morte, seja pela vida
severina”, conclui.
Camarotti credita o sucesso do projeto à química com a diretora e ao
envolvimento e dedicação de toda a equipe. “Não queríamos retratar só a
morte e a Cristina buscou a vida o tempo todo”, conta. “Mas nem
precisamos buscar: o tempo todo fomos surpreendidos pela vida”,
complementa o produtor Murilo Salviano. “Mesmo quando estávamos gravando
com a mulher que mora na beira do Rio Capibaribe, em uma casa pobre de
palafita, fomos surpreendidos pela chegada da sua filha de 17 anos, que
quer continuar estudando para se formar em design de interiores e sonha
em ter uma vida e uma casa melhores. A filha é a esperança, a vida”,
exemplifica Murilo. É o caso também da menina Debora, de 15 anos, que
sonha com um futuro melhor e revela, com brilho nos olhos, que pretende
continuar estudando para cursar faculdade de Medicina, um futuro diferente do de sua avó, que trabalhava no corte da cana de açúcar. (assista abaixo o vídeo).
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