Allicia Marques, Ashley Gallindo e Thauanny Barreto saíram do Interior para atuar com técnico da seleção brasileira de base.
Revelar talentos continuamente transformou Pernambuco em um dos
maiores celeiros do handebol feminino no País, embora não haja um grande
número de equipes em território local. A seleção brasileira foi campeã
mundial em 2013 com as pernambucanas Samira Rocha e Deborah Hannah entre os destaques. Mais recentemente, a goleira Renata Arruda, de 20 anos, chamou atenção nas atuações que levaram o Brasil ao ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Em
comum, essas meninas têm a passagem pelo Português/Aeso, referência no
Nordeste, comandado por Cristiano Rocha, membro da comissão técnica da
equipe olímpica nacional e técnico das categorias de base do Brasil.
Cristiano
atua também no Colégio Anglo Líder, que mantém parceria de longa data
com o clube luso e oferta bolsas de estudo para as meninas, que também
defendem o nome da instituição. Recentemente, o Anglo manteve a hegemonia nos Jogos Escolares de Pernambuco 2019 (JEPs).
E o título na categoria 12-14 anos foi comemorado de maneira ainda mais
especial por três jovens, que saíram do interior do Estado com a
expectativa de repetir futuramente os feitos das craques nas quais se
inspiram.
Allicia Marques, Thauanny Barreto e Ashley Gallindo, todas de 14 anos,
possuem sonhos parecidos, apesar das histórias diferentes. Naturais de
Bodocó, município localizado no Sertão pernambucano, as duas primeiras
cresceram juntas, jogando nas quadras do Serviço Social do Comercio
(Sesc). O caminho percorrido por Allicia, contudo, é mais curioso. “Eu
não gostava de handebol. Não tinha goleira no Sesc, aí Thauanny me
chamou. Só depois que fui para o centro e para a ponta-direita, comecei a
gostar”, explicou. A opção para elas era o Mini-hand, uma versão
reduzida do esporte, voltada para crianças, ao lado de garotos.
Apesar
da adaptação, elas seguiram ligadas à modalidade e evoluindo, até
surgir a oportunidade de atuar com um grupo de meninas. O tempo passou,
as perspectivas aumentaram. Em janeiro deste ano, surgiu a chance de
crescer. Cristiano Rocha realizou uma seletiva para ingressar no Clube
Português do Recife. A possibilidade de potencializar as habilidades na
agremiação consagrada no esporte não foi desperdiçada pelas duas, que
viajaram 650 quilômetros até chegar à Capital.
No Agreste do
Estado, mais precisamente em Venturosa, Ashley, através da amizade que
já tinha com Thauanny, soube da oportunidade. A identificação da
venturosense nas quadras é praticamente hereditária, influenciada pela
tia e mãe. Quando mais nova, os olhos que brilhavam assistindo os
adultos não poderiam ir mais longe em razão da idade. Porém, a
insistência de uma criança não pode ser subestimada. “Eu tinha uns sete
anos, não tinha idade para jogar. Eu ficava dizendo pra minha mãe pedir
ao treinador me deixar entrar, até que um dia comecei.”
O
trio veio ao Recife e permanece até hoje. O esforço dos treinamentos e
da viagem foi recompensado com as vagas no time Sub-14 do Clube
Português, além de uma bolsa no Colégio Anglo Líder. Para Cristiano, a
fluidez no estilo de jogo foi essencial na captação das jovens
interioranas. “Cada uma tem suas características, mas, de forma geral,
se destacam por apresentarem bastante desenvoltura apesar da pouca
idade. Elas conseguem ser bem soltas e acrescentaram demais na nossa
temporada, mesmo com pouco tempo”, avaliou o treinador.
Durante
oito meses em Recife, Thauanny, Ashley e Allicia acumulam cinco
conquistas. Brasileiro de Clubes, Copa de Caruaru, Nordestão, e, mais
recentemente, as fases regional e final dos JEPs. A última teve um sabor
mais especial, já que garantiram as passagens para os Jogos Escolares
da Juventude, a maior competição escolar do Brasil, com a primeira fase
acontecendo no Rio Grande do Norte, em setembro. “É a nossa primeira vez
lá, vai ser muito importante pra nós. Vamos aprender muita coisa”,
apontou Ashley.
Por: Allan Lopes | Folha de PE
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